16.05.2020 às 10:29

MRS estuda processo de melhoria dos vagões GDT

Protótipos estão em testes para medição de desempenho em campo e refinar avaliação

O uso de aço inox em vagões gôndola – como o modelo GDT – é uma solução já conhecida, mas pouco adotada no universo ferroviário. Os vagões são produzidos com aço carbono, material que tem sua durabilidade afetada pelos efeitos corrosivos dos materiais transportados, como minério de ferro. A vida útil que o aço inox oferece é bem superior. No entanto, os seus custos, superiores ao aço carbono, são um fator crítico a ser superado. A proposta de utilizar chapas de aço inox na frota de vagões da MRS se iniciou com dez protótipos de GDT em 2011, ganhando o reforço posterior de 74 vagões GDS para carvão, adquiridos novos pela empresa, em 2013.

Com o bom resultado destas primeiras iniciativas, ganhou força, em 2016, o projeto de retomar os estudos de viabilidade para melhoria dos vagões GDT, num momento em que a MRS registrava degradação precoce do revestimento em aço carbono desses ativos. À época, vários estudos foram desenvolvidos, inclusive no curso de Especialização em Transporte Ferroviário de Carga, no Instituto Militar de Engenharia (IME), por Jean Tavares. No entanto, eles indicaram que a melhoria dos vagões GDS, que transportam carvão mineral para a indústria siderúrgica, era mais viável economicamente no curto prazo, isto é, trariam ganhos em menor tempo.

Vagões GDT- Protótipo em teste

Se o principal impacto do processo para os vagões GDT era seu custo elevado, o cenário mudou bastante ao longo desses anos. A indústria desenvolveu um novo tipo de aço inox (410T) que permite usar uma chapa com espessura ainda menor na troca do revestimento dos vagões. Isso implica menor custo e permitiu que, após simulações via método de elementos finitos, a empresa pusesse em prática um projeto piloto.

“Temos duas duplas de vagões GDT adaptados com um assoalho de cada vagão da dupla em aço inox 410T, duas duplas com revestimento total – assoalho, laterais e cabeceiras – e montantes principais com o mesmo aço inox, em um dos vagões da dupla, que já estão rodando. Assim podemos gerar dados suficientes que indiquem a viabilidade ou não de investir nessa transformação para mais vagões. Nesse caso, o próprio ‘par’ da dupla que permanece em aço carbono é a testemunha física, pois estará submetido ao mesmo padrão operacional”, afirma o especialista ferroviário Jean Tavares.

A empresa Aperam South America cedeu à MRS as chapas em aço inox 410T para os protótipos, assim como o apoio do seu centro de pesquisas, que auxiliou nos cálculos estruturais. Os técnicos estimam que serão necessários de três a cinco meses de operação para que sejam gerados dados em volume suficiente para análise. As duas duplas de vagões estão em atividade desde março de 2020.

“Com a evolução do aço e os estudos que apontam para o uso de chapas de menor espessura, estamos caminhando para um modelo viável”, destaca o consultor ferroviário Felipe Moreira, que também compõe a equipe que pesquisa o tema. “A empresa possui uma frota de 10 mil vagões GDT. Aplicar a melhoria em todos eles é um investimento alto e precisa ser bem criterioso, temos que explorar todas as possibilidades. Estamos buscando, além dos ganhos de durabilidade, dados como eficiência energética das composições. Chapas de menor espessura diminuem a tara dos vagões e isso reduz o consumo de diesel. Tudo isso compõe nosso estudo”, complementa Felipe.

Por MRS