Artigo: Carga Geral no centro da estratégia comercial
Por Guilherme Alvisi, gerente geral de Negócios – Carga Geral
Com mais de duas décadas de atividade, a MRS conquistou números impressionantes. A companhia registra níveis de segurança comparáveis e, por vezes, superiores às melhores ferrovias do mundo. Quando falamos sobre eficiência, o destaque positivo é o mesmo. Em apenas 24 anos, quadruplicamos o volume transportado pela empresa. A MRS é uma das empresas formadas após a concessão à iniciativa privada de trechos da Rede Ferroviária Federal SA (RFFSA).
Uma das conquistas ao longo desses anos foi uma crescente presença da Carga Geral no mix transportado. A categoria definida como Carga Geral – industrializados, carga em contêiner, agrícolas, produtos siderúrgicos, insumos para a construção civil – representou, em 2019, 40,4% do volume transportado pela MRS. Cerca de 10 anos antes, a Carga Geral representava menos de 30% do mix transportado, o que indica que a forte evolução nesse segmento é recente, fruto da estratégica de diversificação implementada pela companhia.
Para os próximos anos, com os investimentos previstos na renovação da concessão, a meta é chegar a uma proporção de 50/50: a expectativa é a de que, no futuro, 50% de todo o volume movimentando pela companhia seja Carga Geral. Esse é um dos compromissos que a MRS está assumindo com o Governo Federal e com a sociedade em seu processo de renovação antecipada da concessão, que está em fase adiantada junto a órgãos como o Ministério de Infraestrutura e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e que, em breve, deve ser encaminhado para o aval do Tribunal de Contas da União (TCU).
Com a renovação, investimentos em projetos como a construção de quatro polos intermodais , a segregação das linhas de trens de passageiros e composições de carga em trechos da Região Metropolitana de São Paulo e a melhoria nos acessos ferroviários aos Portos do Rio e de Santos terão impacto direto na oferta de soluções logísticas para clientes de Carga Geral.
Os polos intermodais serão localizados em regiões estratégicas – dois no centro da cidade de São Paulo, um na grande Belo Horizonte e o quarto deles, em Queimados, na Baixada Fluminense – e serão específicos para cargas em contêineres. Eles serão verdadeiros hubs para distribuição e recebimento de produtos variados e, por estarem próximos ou instalados nas cidades mais ricas e populosas do país, permitirão a criação de soluções logísticas variadas.
A segregação dos trilhos em trecho da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) é um dos mais comentados projetos da renovação da MRS. Ela trará a possibilidade de trafegar com composições com maior volume de carga por eixo e consequente redução do transit time, o tempo de deslocamento das cargas entre os pontos de coleta e entrega.
Para o cliente de Carga Geral, o tempo de movimentação da carga é crucial e a MRS está prevendo reduzi-lo ainda mais. A separação entre os trens de carga e de passageiros em São Paulo trará um benefício enorme para a movimentação de Carga Geral. Primeiro, porque permitirá que a MRS capte cargas dentro da Região Metropolitana de São Paulo com os terminais da Mooca e da Lapa, desafogando assim as rodovias de acesso à cidade, segundo porque não haverá mais restrições de horários para a circulação dos trens de carga e, por fim, por permitir vagões e locomotivas mais robustos, que poderão circular com mais carga por eixo, afinal de contas, a via férrea que será construída será estruturada especificamente para a ferrovia de carga. Essa obra também permitirá o acesso mais ágil a regiões fortemente industrializadas no interior do estado de São Paulo, assim como facilitar o escoamento das cargas agrícolas em direção ao Porto de Santos.
Benefício Social
A segregação entre as linhas de carga e de passageiros na Região Metropolitana de São Paulo também vai garantir faixa de domínio, ou seja, espaço dedicado ao projeto do Trem Intercidades (TIC), capitaneado pelo Governo do Estado de São Paulo e apoiado pelo Ministério da Infraestrutura.
A MRS também transporta produtos agrícolas
A MRS é a ferrovia brasileira que possui o portfólio mais diversificado de produtos transportados e é claro que o agro não poderia ficar de fora do nosso mix de cargas. Para o crescimento no transporte de produtos agrícolas, um exemplo de iniciativa é o investimento em uma solução hidroviária multimodal: um terminal no município de Pederneiras, no estado de São Paulo. Os investimentos incluem obras no terminal e na via permanente que liga a região até a malha da MRS e ao Porto de Santos.
Todas essas ações ocorrem em paralelo a projetos já em andamento, como as parcerias com diversos operadores logísticos. Elas permitirão que produtos do Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás, regiões que não fazem parte da geografia da malha concedida à MRS, possam ser transportados com sucesso.
Outro projeto desse segmento é o terminal Multimodal de Itutinga, que permitirá captação de cargas do Sul de Minas serem transportadas pela ferrovia até os portos do Rio de Janeiro e Santos.
O conjunto de ações voltadas ao fortalecimento da Carga Geral é bem amplo. Isso mostra o compromisso da MRS e seus gestores não apenas com o crescimento nesse segmento, mas também com a consolidação das conquistas já alcançadas, podendo sempre oferecer serviços logísticos ainda melhores para seus clientes e criando boas soluções independentemente do desafio proposto.
Sendo o Brasil um país continental, a ferrovia é essencial para a logística do país e não pode ficar restrita apenas ao escoamento de commodities minerais ou agrícolas para exportação. As ações da MRS vão nessa direção: fortalecer a ferrovia na logística para o mercado consumidor interno, na distribuição de bens variados por todo o país. A ideia é utilizar os terminais multimodais existentes nos três estados que a malha da MRS atende para realizar o transporte de produtos industrializados e com alto valor agregado, de modo a oferecer para todo o mercado os diferencias competitivos que a ferrovia já traz para os exportadores: segurança, zero roubo de carga e grande escala. A parceria com as empresas de outros modais será extremamente importante para isso. Consolidar cada vez mais as alianças estratégicas com transportadoras rodoviárias, terminais multimodais e empresas de navegação hidroviária e de cabotagem. Nossa presença em regiões altamente industrializadas e nosso acesso a cinco portos da Região Sudeste nos permite criar estratégias que contribuirão significativamente para alavancarmos a participação do modal ferroviário em comparação aos outros modais. O resultado atenderá a uma velha expectativa: aumentar a atual participação da ferrovia dos atuais 15% para os 31% na matriz de transportes brasileira.
Por todos esses motivos, e muitos mais, estamos renovando o nosso compromisso com o futuro da ferrovia no Brasil. #MRS2056